A Casa da Cultura homenageia a obra de Alcides Carlos de Oliveira, o Alcides Algodão.
Nascido na Ilha do Algodão, em Paraty, passou lá sua infância e adolescência. Já adulto, mudou-se para a Praia Grande, conheceu e casou-se com Conceição Maria de Olveira. Tiveram 14 filhos juntos, dos quais os sete primeiros não sobreviveram.
Autêntico caiçara, tinha na pesca o sustento de sua família, aliada ao plantio de mandioca – para produção de farinha, banana, milho e cana. Muito antes de se falar sobre sustentabilidade e produtos orgânicos, o senhor Alcides já tecia sua própria rede de pesca, com fibra de embaúba, e as tingia com casca de “pau-de-mangue” e aroeira.
Foi para aumentar a renda de sua grande família, que começou a trabalhar com madeira. Fazia utensílios domésticos, como gamelas e colheres de pau, usando técnicas herdadas do pai, que era carpinteiro.
A habilidade com a madeira começou então a se transformar em arte, na forma de barquinhos, canoas, marionetes, aviões e outros objetos. O que produzia foi vendido por muitos anos no Centro Histórico. Seu Alcides foi um pioneiro em sua arte, num tempo em que Paraty estava renascendo para o progresso.
Pai responsável, Alcides Algodão era também um grande apaixonado pela folia. Vivia cercado de amigos, gostava de dançar e cantar e era muito bem humorado. Faleceu da mesma forma que viveu: se divertindo, enquanto subia num jambeiro, aos 73 anos de idade.
“A vida toda ele foi terra, mar e madeira. Um homem íntimo com sua origem, um dos últimos, talvez. Um homem que era para o mar e entre eles, árvores. Um homem do chão, que levantava o chão em torno de si para conter os ventos e a chuva, e entre o chão e ele, árvores; das árvores, nada mais que as folhas.” (Márcio, neto do senhor Alcides)
Sua obra é até hoje apreciada e respeitada na cidade, e pode ser vista até o dia 24 de maio, na Sala Natalino.
Abertura: 26 de fevereiro de 2015
Encerramento: 24 de maio de 2015
Sala Natalino Silva
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