A essência da cerâmica é um mistério. O que se pode dizer é todas as Arteiras estão aqui por alguma razão em comum. Há um elo invisível que as une em torno do barro. Duas vezes por semana, mulheres de todas as idades, origens e ocupações, deixam seus afazeres por algumas horas e se dedicam apenas a moldar a argila –ou se deixar moldar por ela.
É o barro que escolhe o que fazer, dizem essas mulheres. E assim vão surgindo potes, pratos, sereias, santos, budas, bules. Tudo é possível no espaço sagrado das aulas de Felipe Alcântara, que também se autodefine como “arteiro”, ora no papel de mestre, ora de aprendiz. A oficina de cerâmica propõe uma nova forma de expressão, por meio da modelagem, oferecendo noções de estética, textura e acabamentos.
Mas o convívio do grupo vai além. Muitas chegam em busca de uma terapia e encontram nas aulas um espaço de acolhimento, amizade, risadas, criatividade e transformação pessoal. As peças refletem a verdade de cada uma. A cerâmica não mente. Quando vai ao forno, a 800 graus, o barro seca, muda de cor, mas também pode rachar ou explodir. Segue sendo matéria viva, que guarda em si os quatro elementos: Terra, Fogo, Água e Ar.
Mais do que artistas, Arteiras é um nome que mistura ousadia e inocência. Afinal, não deixa de ser uma travessura se deixar moldar dessa maneira.
Texto: Rosane Queiroz
Abertura: 28 de novembro de 2017
Encerramento: 03 de março de 2018
Sala Dona Geralda
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