“Uma das características fundamentais da arte contemporânea, e que pode ser analisada tanto de um ponto de vista ontológico como de uma perspectiva existencial é a provisoriedade do estético” Haroldo de Campos.
Sergio Atilano,paulista, paratiense de coração, poeta e artista plástico. Chegou a Paraty nos anos 90, tempos complexos, em que vivíamos entre a possibilidade de uma nova história e a sombra do passado. Inspirado pela cidade de poetas, artistas e intelectuais, veio para escrever, massua arte foi além das palavras e, em uma trajetória previsível para um artista tão sensível, mergulhou na pintura. Nos primeiros trabalhos, trouxe da natureza as sementes, que brotavam na superfície dos papeis de fibra que produzia.
Assim como na obra de Kurt Schwitters, em que ele redescobre o mundo perdido dos objetos – a parafernália de detritos, lascas, aparas, ferros velhos, impressos sem uso, que são o lastro rejeitado pela vida moderna, Sergio também, com seu olhar apurado de poeta, enxerga no invisível aos nossos olhos, a beleza da forma. Na sociedade do consumo, encontrar possibilidades no que é descartado é resistência. Ser poeta é resistência.
A palavra, as cores e formas misturam-se na obra do artista, em cada tela, fragmentos de madeira e nas pequenas sementes conseguimos apreciar a métrica perfeita, a rima das linhasque nos conduzem ao mesmo êxtase e deleite de sua poesia.
Traços delicados, milimétricos, precisamente alinhados permitem ao observador uma viagem, como se transitasse por um labirinto óptico e táctel. Assim como na Merzart “cria relacionamentos entre as coisas do mundo”.
Curadoria: Fernando Fernandes
Produção: Emanuel Gama
Design: Leonardo Assis
Texto: Gabriela Gibrail
Fotos: Leonardo Assis
Abertura: 09 de março de 2018
Encerramento: 06 de maio de 2018
Sala Natalino Silva
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