Guia de turismo, fotógrafo de natureza e criador do grupo “Paraty –Uma foto por dia”, Gabriel Toledo expõe seu trabalho no Café da Casa da Cultura.
“Olha o passarinho!”. A famosa frase usada para chamar a atenção para as lentes da câmera ganhou duplo sentido aos olhos do fotógrafo Gabriel Toledo. Guia de turismo em Paraty, Gabriel começou captando imagens dos pássaros desse trecho de Mata Atlântica, como a Saíra de Sete Cores e o Formigueiro de Cabeça Negra, ave rara, habitante do entorno do rio Mambucaba. Foi quando o mundo da fotografia se abriu. Seu olhar voou longe e ele passou a registrar paisagens da região e cenas do Centro Histórico. “Paraty ajuda muito, pois tem uma natureza exuberante. Cada praia, montanha ou rio que passa é um click”, diz ele.
Natural de Belo Horizonte, Gabriel se mudou para Paraty ainda bebê, com os pais, encantados com as belezas e as possibilidade da cidade histórica. Cresceu no bairro da Ponte Branca, perto da mata e das cachoeiras. Adolescente, voltou às origens, morando com o pai, em BH. Na capital mineira, cursou faculdade de turismo, com especialização em Atrativos Naturais. Sua mãe, casada pela segunda vez, havia continuado em Paraty, onde Gabriel ganhou dois irmãos. “Sempre tive duas casas e vivia dividido entre as duas cidades”, lembra.
Depois de uma temporada na Austrália, há 7 anos, Gabriel escolheu Paraty para viver e trabalhar com turismo. De volta às praias e cachoeiras, como guia, aos poucos começou a fotografar as belezas de seu cotidiano.”Morando no Centro Histórico, fico atento ao que está no meu campo de visão. Se tem um pôr-do-sol bonito ou se muda a luz, basta ir até a esquina com a câmera”, diz. Para compartilhar as fotos, há cerca de dois anos, ele criou o grupo de Facebook “Paraty –Uma foto por dia”. Adicionou apenas amigos, mas o grupo viralizou. “Hoje somos mais de 30 mil e ganhamos uma média de 1 mil novos membros por mês”, conta, ainda surpreso.
Aos 34 anos, Gabriel Toledo coleciona um álbum precioso de imagens de natureza e recortes inusitados do Centro Histórico. Algumas delas serão exibidas no espaço do Café da Casa da Cultura, de 7 de abril à 21 de Maio. A mostra, sob curadoria de Fernando Fernandes, revela o olhar afiado do fotógrafo em imagens como a da Igreja de Nossa Senhora da Penha, na estrada Paraty-Cunha, em que se vêem apenas as três torres brancas sob um céu azul-celestial. A capela de estilo colonial foi construída na década de 80, sobre uma pedra, assim como a igreja homônima na cidade do Rio de Janeiro. “A diferença é que no Rio são 365 degraus para alcançá-la, e aqui, 30. É melhor fazer a promessa lá e pagar em Paraty”, diverte-se ele.
Como guia de turismo, a paixão pelos pássaros levou Gabriel ainda a criar o parque Birds Paraty, dedicado a Birdwatching (Observação de Aves), no bairro do Condado. São 2 quilômetros de trilha, com torres de observação, onde é possível avistar até 160 tipos de aves. Na fotografia, ele se autodefine como “amador”. O observador de seu trabalho pode concordar, desde que levando em conta o melhor sentido da palavra: “aquele que ama”. A realização da mostra no Café Cultural, para o fotógrafo, é uma oportunidade de “fazer parte da história da Casa de Cultura”, além de inspirar outras pessoas a continuar registrando novos ângulos da cidade que segue surpreendendo a cada esquina –em bem mais do que uma foto por dia.
Produção Emanuel Gama
Curadoria: Fernando Fernandes
Texto: Rosane Queiroz
Sinalização: Leonardo Assis
Fotos: Davi Paiva
Abertura: 07 de abril de 2017
Encerramento: 21 de maio de 2017
Café Cultural
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