Há séculos ligada ao comércio, Paraty sempre teve suas casas comerciais, locais de trocas e vendas, de convívio social e encontros. Nos antigos armazéns de secos e molhados, passavam todo tipo de gente para adquirir produtos básicos e abastecer as despensas das famílias. Nestes armazéns, era possível achar de um tudo: dos gêneros alimentícios ao querosene; do sabão ao fumo; dos tamancos aos utilitários; Também era certo de se encontrar uma boa prosa no balcão, acompanhada de “líquidos espirituosos”, a aguardente, vinho, licores. Nos tempos idos, em que todos se conheciam, a “pindura” era costume entre a freguesia e o livro de vendas fiado estava sempre por perto.
Em 1882, existiam no município 54 armazéns de secos e molhados: 32 no centro da cidade e os outros, distribuídos nos demais bairros, zona rural e costeira, segundo documento da Secretaria de Câmara Municipal de Paraty. Das mercadorias comercializadas e aqui produzidas estavam a farinha, o feijão, o milho, o café e outras miudezas cultivadas pelos produtores rurais; os peixes e camarões secos, tradicionais da região; a banana, que dava aos montes e chegava a ser enviada para Santos (SP) e até exportada para a Argentina, por um período; esteiras, cestos de palha e outros artefatos feitos à mão; e a cachaça, como não poderia faltar, vinda dos nossos alambiques: tamanha sua qualidade, na época pedia-se uma dose de “Parati” nos botequins.
Entre os armazéns em funcionamento na cidade, já na década de 70, são comumente lembrados o do sr. Secundino, na Rua da Praia; o Santa Edwiges, do Sr. Aldo Mathias e Nilton Aquino, além das vendas do Sr. João Ramiro, Sr. Zé Mello, Sr. Norival Malvão, Sr. Deinho, Sr. Fausto e Sr. Terraboa. Os produtos eram distribuídos em altas prateleiras, pendurados pelo teto, sobre o balcão ou nas sacas de cereais a serem pesados à granel. Nos exíguos espaços, havia uma vasta gama de saberes e fazeres de Paraty.
Com o passar do tempo, feneceram os antigos armazéns, em suas configurações tradicionais, mas as práticas culturais e os modos de fazer que os habitavam permanecem vivos até hoje. A agricultura, o artesanato e a produção de cachaça englobam a seleta de ofícios e bens culturais de natureza imaterial, que compõem o Patrimônio Cultural de Paraty - agora um Patrimônio Mundial pela UNESCO. Para que todos possam conhecer a origem da nossa cultura e os agentes culturais que aqui vivem, a Prefeitura de Paraty criou os Mapas do Gosto, da Cachaça e do Artesanato. Uma cartografia da cidade, que conta sua rica História, demarcada por todo o território paratiense.
Coordenação: Andréa Maseda, Raphael Moreira, Paula Fabricante
Curadoria: Fernando Fernandes, Patrícia Gibrail
Produção: Emanuel Gama
Pesquisa e Texto: Marcos Maffei, Tayná Pádua
Design: Leonardo Assis
Ilustrações: Elison Fernandes, Patrícia Gibrail
Assistentes de Produção: Juliana Dourado, Mary Ellen, Pamela Albretch
Pintura: Francisco Gama
Iluminação: Sibel Barros
Comunicação: Leonardo Assis, Tayná Pádua
Paraty Espera por você
Design: Marcus Prado
Ilustrações: Laiz Elesbão
Apoio Institucional: Prefeitura de Paraty
Salão Nobre
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