Este é o painel que representa uma linha do tempo geral de Paraty de 1945 a 2019.
Ele é composto por 7 painéis. Em cada um dos painéis, foram criadas 4 linhas horizontais imaginárias para divisão das informações. Na 1ª, 3ª e 4ª linhas, são distribuídos quadros de diversos tamanhos, formatos e cores, contendo eventos e seus anos respectivos, além de imagens pertinentes de fotos, documentos, jornais, revistas, objetos, mapa e logotipo. Essas informações e imagens apresentam diversos tópicos e falam de formas de expressão como artes visuais, cinema, artes cênicas, literatura, música, tradição, boemia e biodiversidade além de patrimônio histórico e natural, reconhecimento e preservação, a evolução urbana e patrimônio imaterial como festas, saberes, comunidade, a vida cotidiana e o turismo. A 2ª linha em cada painel contém um quadro único com texto principal que forma uma narrativa seqüencial no tempo, de acordo com a época do painel, dando continuidade no painel seguinte.
[Painel 1]
1945
População: 9.673
urbana: 1,554 rural: 8.119
(IBGE 1940)
1950 - Filme Estrela da manhã, longa de Oswaldo Marques de Oliveira. Com Dorival Caymmi
no elenco, é o primeiro a ser rodado em locação na cidade
1954 - Fundação da Banda Santa Cecília: de duas bandas rivais no início do século, a cidade
ficara sem nenhuma; os músicos remanescentes ensinaram novos, e a tradição se retomou
1958 - O Bar do Abel surgiu nesse ano, logo tornando-se o centro da boemia, o ponto
preferido dos artistas que começavam a frequentar a cidade
1958 - O livro de poesias Praia do Sono, o primeiro de José Kleber, edição da Livraria São José,
Rio de Janeiro, é lançado o primeiro reconhecimento oficial da singularidade do patrimônio de Paraty, o título estadual de Monumento Histórico, pelo excepcional valor histórico e artístico de seu conjunto arquitetônico e urbanístico, pareceu pouco importar ante sua realidade. O esquecimento e isolamento – o acesso só marítimo, a depender da nem sempre confiável lancha de carreira – significaram tanto sua preservação quanto a decadência, com a segunda a ameaçar a primeira. A ruína da cidade, à margem das miragens do progresso, expressava-se no desabamento de sobrados, nos vazios que deixavam, no mau estado de conservação das igrejas, da Santa Casa e demais edificações outrora imponentes, das pontes e estradas intransitáveis, na estagnação da economia. As poucas notícias que davam, os jornais da época da cidade, agora monumento. só nisso insistiam: A cidade que morreu é a manchete de uma delas.
Ainda assim, a população – se reduzida, pela falta de oportunidades – persistia em manter viva
e vibrante a cultura local, sobretudo no ciclo anual das grandes festas religiosas e comunitárias
(embora havia quem as visse como outro sinal de um atraso irremediável), bem como no
orgulho da beleza de sua pequena cidade em meio a paisagem deslumbrante de mar, mata e
montanhas. A fazer por merecer a extensão de seu reconhecimento, ao se tornar também
patrimônio nacional em 1958. Mas seria o acesso por terra – a estrada Paraty-Cunha enfim
passável em 1954 – que faria de fato a diferença, as mudanças se iniciarem.
1945 - Paraty é erigida em monumento histórico do Estado do Rio de Janeiro pelo
Interventor Federal Ernani do Amaral Peixoto, através do Decreto-Lei Nº 1450, de 18 de
setembro de 1945
1945 - Instalação do Serviço de Autofalantes São Jorge: notícias locais (nascimentos, óbitos,
as festas, etc.) e nacionais, bem como jogos de futebol, são propagados a toda a cidade
1954 - Abertura da Estrada Paraty-Cunha, retomando a conexão com o Vale do Paraíba,
embora de difícil trânsito: incremento do comércio e primórdios do turismo
1958 - Tombamento do conjunto arquitetônico de Paraty pelo DPHAN (atual IPHAN)
[Painel 2]
1960
População: 12.085
urbana: 3.014 rural: 9.071
(IBGE 1960)
1960 - A pintora Djanira compra um sobrado na cidade, e mais tarde constrói um ateliê no
Corumbê; uma das primeiras dos vários artistas a se radicar ou passar temporadas na cidade
1963 - José Kleber inaugurou o bar noturno ao qual deu o nome de Valhacouto, concorrendo
na boemia com o Bar do Abel.
1967 – Lançado o disco compacto 33rpm Serenata em Paraty, com 5 canções de sua autoria
interpretadas por ele.
1968 – Brasil ano 2000, longa de Walter Lima Jr, inicia o ciclo de filmes realizados por diretores
do Cinema Novo na cidade. Dois anos depois, Nelson Pereira dos Santos realiza Azyllo muito
louco, o primeiro de seus três filmes rodados em Paraty
Além da Paraty-Cunha, também se completaria outra estrada longamente prometida, a ligação
com Angra dos Reis – embora de transito ainda mais difícil, com rios a atravessar em pontes
precárias ou mesmo a vau. O suficiente, entretanto, para que aventureiros de ambos os lados
as percorressem, curiosos em descobrir esse começo de Brasil de cujo patrimônio tinham
vagas notícias (para os do Rio de Janeiro, mais precisas, por meio do poeta José Kleber); em
maior número, os vindos de São Paulo.
A singela cidade antiga em meio à maravilhosa paisagem, mais a autenticidade de seus
costumes e tradições tão preservados (a instigar sua apreciação e revalorização também pelos
paratienses): no todo, o ambiente da cidade atrai músicos, artistas e escritores que nele
encontram clima propicio a suas inclinações (nota o IBGE em monografia sobre a cidade de
1967). Muitos compram casas e sobrados e as reformam, para seus fins de semana e férias.
Intelectuais, artistas, boêmios, alternativos ou (mais tarde) simplesmente hippies: inicia-se
assim, quase que inadvertidamente, o turismo em Paraty. O primeiro hotel a ele voltado, com
apartamentos, é aberto; e jornais e revistas trazem as primeiras reportagens apresentando-a
como um destino a conhecer.
1960 – Comemoração do terceiro centenário de emancipação, com grandioso desfile ciado de
por José Kleber e a professora Benedita Calixto: O auto dos alevantados, transmitido pelo
serviço de alto-falantes, destacando cada grupo enquanto o cortejo desfilava. Sete anos
depois, por conta de uma reavaliação histórica, a cidade comemoraria novamente seu 300o
aniversário.
1965 - Theophilo Rameck e seu filho Douglas inauguram o Motel dos Candeeiros. Embora já
existissem outras hospedagens, foi o primeiro hotel com apartamentos na cidade.
1966 - Paraty é elevada à condição de Monumento Nacional pelo Decreto nº 58.077, de 24 de
março de 1966.
1967 – O técnico da UNESCO Michel Parent visita Paraty, dedicando a ela extensa seção no
relatório de sua missão ao Brasil. No ano seguinte, o arquiteto belga Frederic de Llimburg
Stirum, a serviço da UNESCO e SPHAN, elabora o Plano Diretor em Proveito da Proteção e do
Desenvolvimento Urbanístico de Paraty
[Painel 3]
1970
População: 18.800
urbana: rural:
(IBGE 1970)
1976 – Lançado o disco compacto 33rpm Ciranda de
Paraty, documento sonoro produzido pela Campanha
de Defesa do Folclore Brasileiro com mestre Chiquinto
da Tarituba
1976 - O Projeto Aquarius realiza um concerto da
Orquestra Sinfônica Brasileira sob a regência do
maestro Isaac Karabtchevsky em palco armado à frente
da Igreja do Rosário
Mudanças que são vistas com certo receio pelo SPHAN, levando-o a considerar o acervo
arquitetônico e natural sob ameaça iminente de sofrer deformações irreparáveis, e o governo
federal elevar Paraty a Monumento Nacional. O decreto prevê ainda a elaboração de um plano
urbanístico adequado, de estudos e medidas para a preservação do patrimônio florestal e,
também, de um plano para incrementar o turismo. Afinal, é nessa década que a UNESCO
decide ser o turismo a solução para que alguma chance viável de preservação tenham os
patrimônios culturais da humanidade: e são nesse sentido as recomendações que fazem seus
técnicos em missões ao Brasil, as quais incluíam Paraty. E um plano urbanístico de fato foi
criado; se recebido com desconcerto e ceticismo, influenciaria os que viriam depois – já
contando com o impacto de um desenvolvimento que faria do tão difícil acesso a Paraty só
mais uma memória.
- Paraty: impressões, de Harry Roitman
– Nossa Senhora dos Remédios, de Pedro Rovai
- O acendedor de lampioes
- e do institucional sobre a abertura da Rio-Santos
Paraty em 1970: visões líricas, documentais, ficcionais – e a abertura da Rio-Santos
O começo da década traz uma efervescência cultural em parte fermentando na anterior,
expressando-se sobretudo nos filmes de grandes figuras do Cinema Novo, com ampla
participação de paratienses em diversos aspectos de sua realização, mas não só. Eram os anos
mais pesados da ditadura e sua repressão, a qual, se ecos (por vezes caricaturais) aqui tinham,
não chegavam a impedir a percepção da cidade como um refúgio paradisíaco para artistas e
toda uma atmosfera da contracultura, caracterizando-se também como uma modalidade de
resistência, incorporada pelos jovens locais. Respirava-se mais livremente, na paisagem impar
junto ao mar e à natureza, longe da opressão dos grandes centros.
1971 - A atriz Maria Della Costa inaugura o Hotel Coxixo. No ano seguinte, é a vez da Pousada Pardieiro, de propriedade do ator Paulo Autran e do advogado Fabio Villaboim
1971 - Criação do Parque Nacional da Serra da Bocaina, com o intuito de proteger a Mata Atlântica face aos efeitos da construção da Rio-Santos que se inicia na região.
1974 - Abertura da Rio-Santos
[Painel 4]
1980
População: 20.622
urbana: 9.000 rural: 11.622
(IBGE 1980)
1976 - Temilthon Tavares cria o Guarda a chave no trombone, grupo de teatro amador de rua
em que os textos eram criação coletiva, integrado sobretudo por paratienses
1978 - Criaçao do Museu de Arte Sacra na Igreja de Santa Rita
Ao mesmo tempo, construía-se a Rio-Santos. Antes mesmo de sua efetiva abertura ao tráfego,
outra pressão, localmente bem mais avassaladora, já assediava essa mesma paisagem e os
modos de vida tradicionais a ela associados: a especulação imobiliária. Projetos mirabolantes
de empreendimentos e loteamentos turísticos se idealizaram, alguns se concretizando à força;
conflitos fundiários, não raro violentos, se instauram, a perdurar ainda hoje. Famílias e vilas
caiçaras inteiras vendem a preços aviltantes, ou perdem para grileiros, suas terras à beira-mar;
e mudam-se para a cidade, criando ao sul uma sua expansão de todo imprevista nos planos
urbanísticos que se sucediam: os bairros Ilha das Cobras e Mangueira.
E a pequena cidade, bucólica e boemia, se vê súbito perdendo a sua garantia de paraíso
destinado apenas aos afortunados que perseveravam em enfrentar as dificuldades de chegar a
ela – e que com os que de lá já eram de algum modo se entendiam, estabelecendo um diálogo
entre tradição e contemporaneidade a estimular a vida cultural local –, para se defrontar com
uma inédita facilidade de acesso, tanto do Rio quanto de São Paulo, com o turismo de fato se
afigurando uma realidade bem mais complicada do que tinha sido deseja-lo. Dessa vez, a
reação veio dos próprios paratienses (com os de adoção a colaborar): a criação de uma
instituição para preservar seu patrimônio, o movimento de fechar o centro aos veículos, o
primeiro seminário a discutir o futuro de Paraty.
1976 - O tráfego de veículos nas ruas do centro é interditado em definitivo: todas as entradas
que lhe dão acesso são fechadas por correntes
1976 - Fundação do IHAP – Instituto Histórico e Artístico de Paraty
1979 - O Seminário de Paraty é realizado em parceria entre a Prefeitura o IPHAN, o INEPAC e a
Sociedade Amigos de Paraty, com apoio da Fundação Roberto Marinho, de 30 de agosto a 1º
de setembro)
[Painel 5]
1980- 1ª Encontro de Teatro de Rua em Paraty e 1º Encontro de Artista Plásticos em Paraty
1981 - 1ª Mostra de Cinema de Paraty
1981 - Marcos e Raquel Ribas do grupo de teatro Contadores de Estórias radicam-se em
Paraty; em 1984, realizam O Modo de Fazer, pesquisa pioneira sobre o artesanato de Paraty;
em 1985, instalam o Teatro Espaço
1983 - Filme Gabriela, de Bruno Barreto
1984 – Primeiro festival de música clássica em Paraty, que levaria em 1986 ao 1º Festival de
Música Sacra
1989 - SOMBANERJ: festival de música erudita, popular brasileira, e instrumental e jazz
A efervescência cultural acaba se consolidando na realização de inúmeros festivais, voltados a
diferentes manifestações artísticas e também à valorização do principal produto da cidade, a
cachaça, por sua tradição e importância na história da cidade. São encontros, mostras e
festivais de teatro de rua, de música clássica e sacra, de artes plásticas, de fotografia e cinema
–e o primeiro Festival da Pinga. A criação do Teatro Espaço pelo Grupo Contadores de Estórias
(que se radicara na cidade após conhecê-la no primeiro Encontro de Teatro de Rua), com uma
relevante programação de artes cênicas e música em seus primeiros anos, e da Galeria
Maramar, de Zilco Ribeiro, em contraponto a Galeria do Engenho anexa ao Bar do Abel, bem
como a continuidade dos filmes sendo rodados na cidade (destacando-se Gabriela por seu
elenco e repercussão), integram também esse primeiro ciclo cultural de Paraty. ,
O turismo se intensifica: novos bares e restaurantes são abertos, bem como pousadas e hotéis,
indo da categoria luxo ao primeiro albergue da juventude (os antecessores dos hostels), se
instalando em imóveis reformados no Centro Histórico, mas sobretudo sendo construídos nos
bairros onde vinha se dando a expansão da cidade: Patitiba, Fátima e Pontal, já mais antigos;
Chácara da Saudade, então tida como área nobre da cidade; e Cabore, ao longo da margem do
rio Pereque-açu. Era, entretanto, um destino turístico que se poderia chamar de alternativo: o próprio patrimônio, mais as vagas notícias de seu viés cultural, bem como de suas praias rasas e
lodosas de fundo de baía, só inspiravam aqueles dispostos justamente a vivenciar essa
atmosfera boemia de seu Centro Histórico emoldurado pela paisagem de mar e montanha –
cabendo lembrar que, no cais, eram não mais que meia-dúzia as embarcações de grande porte
(então chamadas de saveiros), a negociar com os barqueiros de baleeiras e similares o alcance
a ilhas e praias; e das cachoeiras, nenhum roteiro, delas saber dependia de conhecer alguém
local. E, se prosperidade decerto trazia à cidade, talvez não a suficiente para a potencial que se
imaginara.
1983 - Primeiro Festival da Pinga
1983 - Área de Proteção Ambiental de Cairuçu – APA Cairuçu: unidade de conservação federal
de uso sustentável, com 34.690 hectares em área continental e 63 ilhas no sul do município
[Painel 6]
1990
População:
urbana: rural: 9.071
(IBGE 1990)
1990 - Instituição da Casa de Cultura de Paraty
1991 –É criada a EcoTV, emissora comunitária transmitindo a programação das TVs Educativas
e sua produção local, em que se destaca o telejornal diário, que a cidade inteira parava para ver
1992 – Luiz Perequê lança o disco "Encanto Caiçara"
1997 – Julia Mann, uma vida entre duas culturas, exposição na Casa da Cultura e programação
sobre a mãe do escritor Thomas Mann, nascida em Paraty, em parceria com o Instituto Goethe
A instituição da Casa da Cultura de Paraty pela Prefeitura, no casarão onde era a sede do clube
Paratiense Atlético Clube (PAC), um resultado duradouro de todo o ciclo cultural da década
anterior, coincide infelizmente com um momento difícil para a cultura no Brasil, o governo que
extingue toda a política cultural pública (FUNARTE, Embrafilme, etc.; além de um generalizado
confisco de ativos financeiros), e um movimento apoiado pela mídia pela valorização da
cultura exclusivamente por conta de sua aceitação no mercado. Cessam de súbito toda uma
gama de atividades culturais no Brasil, impacto que se faz sentir evidente na primeira metade
da década em Paraty.
Por outro lado, um desenvolvimento inédito ocorreu: a implantação da EcoTV, emissora
comunitária que, além de retransmitir a programação das TVs educativas, produzia também
localmente, com destaque para o telejornal diário que a cidade inteira parava para assistir – o
qual, ao abordar toda a sua realidade e dar voz pública a atores que jamais se faziam ouvir,
teve um impacto também político, rompendo a alternância histórica entre dois prefeitos desde
sempre. E o novo que se elegeu imprimiu um rumo à administração municipal com um
significativo impacto no turismo e na cultura – ao propor a articulação necessária entre esses
dois aspectos como política. Em momento talvez já tardio, pois é no final dessa década que se
acelera a intensificação do turismo, com as primeiras agencias e a oferta cada vez maior de
produtos turísticos padronizados.
1990: Estação Ecológica de Tamoios – ESEC Tamoios, unidade federal de conservação integral
para monitoramento do ambiente (29 ilhas, mais áreas costeiras) em torno às usinas nucleares
1997 - Marcos Ribas assume como Secretário de Turismo e Cultura, realizando a primeira
pesquisa sobre o turismo em Paraty e plano para seu desenvolvimento, e as primeiras
iniciativas voltadas a qualificação da cultura em Paraty e o turismo cultural
1992: Criação da Reserva Estadual Ecológica da Juatinga pelo Instituto Estadual do Ambiente –
INEA, englobando quase 10.000 hectares no sul do município
1995 - Terra Indígena Guarani de Araponga homologada por decreto. No ano seguinte, é
criada a Terra Indígena Parati-Mirim
1999 - Titulação do Quilombo do Campinho pela governadora Benedita da Silva
[Painel 7]
O SÉCULO XXI
2019
População:
urbana: rural:
(IBGE 2010)
2004 – Após restauro e reforma, a Casa da Cultura de Paraty é reinaugurada com exposição
sobre a cidade criada por Bia Lessa
2018 - Ciranda Caiçara de Paraty é reconecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado
do Rio de Janeiro. A candidatura de Paraty a Patrimônio Mundial, da qual já se começava a falar em 1979, é o tema de um segundo Seminário realizado na cidade no começo da década: Planejamento e Patrimônio Mundial. Realizado com ampla participação de especialista de diferentes áreas e da sociedade civil, concluiu com a recomendação da candidatura como Sítio Misto – a categoria em que afinal foi obtida a inscrição na Lista do Patrimônio Mundial em 2019. Antes disso, em 2013 a Festa do Divino fora reconhecida como patrimônio cultural – um resultado da evolução do conceito de patrimônio, expressa na Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da UNESCO de 2003, bem como na política na mesma época do Ministério da Cultura de valorização da cultura das comunidades tradicionais, também significativas para a obtenção do título mundial.
Em 2003 foi realizada a primeira FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty. Com seu
imenso sucesso e repercussão, um segundo ciclo de eventos culturais se instaurou, com uma
sequência de festivais de caráter cosmopolita e/ou internacional (Paraty em Foco, de
fotografia; Bourbon Festival e MIMO, de música; Folia Gastronômica, entre outros) se
adicionando ao ciclo anual das festas tradicionais. Constituiu-se assim o Calendário Cultural de
Paraty, tendo um impacto considerável no desenvolvimento do turismo, que levaria à
designação da cidade como destino referência em turismo cultural em programa do Ministério
do Turismo. E consolidava-se também a vocação cultural de Paraty, no diálogo sempre
presente entre tradição e contemporaneidade, permanência e mudança, criando uma
diversidade singular ao longo das décadas de sua história recente – da qual a vitalidade e
dinamismo atual pode ser aferida em mais detalhes na seção dedicada ao século XXI.
2001 - Realização do Seminário Planejamento e Patrimônio Mundial, de 30 de novembro a 2
de dezembro, pela Prefeitura de Paraty e Fundação Roberto Marinho, com apoio do IPHAN e
ampla participação de especialistas e da sociedade civil, tendo em vista a candidatura de
Paraty
2008 – A cidade é indicada como destino referência em Turismo Cultural em programa do
Ministério do Turismo; é desenvolvido o plano Mar de Cultura
2013 – A Festa do Divino é inscrita no Livro das Celebrações do IPHAN como Patrimônio
Cultural Nacional
2019 - Paraty é inscrita na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO como sítio misto, natural e
cultural, com a denominação Paraty & Ilha Grande: cultura e biodiversidade.